-
Arquitetos: Metrópole Arquitetos
- Área: 5456 m²
- Ano: 2022
-
Fotografias:Nelson Kon
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Museu do Ipiranga passou por restauro e ampliação e foi reinaugurado em setembro de 2022. Com seu acervo temático sobre História e Cultura Material, o museu reabriu ao público com 12 mostras inéditas (sendo 11 de longa duração e 1 temporária) totalizando 4.000 peças expostas em 5.456 metros quadrados. O projeto expográfico buscou afirmar a qualidade de uma intervenção contemporânea em diálogo com a arquitetura eclética do edifício, evitando ao máximo confundir uma e outra por meio de elementos miméticos. Para tanto, foi desenvolvido um sistema expositivo para suporte tanto dos acervos quanto dos recursos de mediação, numa linguagem relativamente sóbria, composta de perfis e chapas metálicas de geometria regular. Admitiu-se com isso o contraste proposital em relação ao edifício-monumento, cujas paredes de alvenaria decoradas e esquadrias em madeira são inconfundíveis. Tal atitude permitiu a identificação da camada da expografia de maneira sobreposta à construção original.
Aplicado a todo o Museu, com as devidas variações, o sistema confere unidade às exposições de longa duração e permite, ao mesmo tempo, a intercambialidade de seus componentes, com o fim de possibilitar sua reutilização em montagens futuras. Um dos principais elementos do sistema é o dos painéis perimetrais, assim denominados por revestirem o contorno interno das salas expositivas. São estruturas que permitem o acoplamento tanto de chapas lisas para aplicação de elementos gráficos, quanto de recursos variados, tais como monitores multimídia, nichos para elementos táteis e vitrines. Os artefatos tridimensionais foram expostos no interior de vitrines de aço, acopladas aos painéis perimetrais ou autoportantes soltas no centro das salas; As pinturas históricas não integradas ao edifício receberam tratamento especial no projeto expográfico, sendo fixadas em suportes metálicos destacados dos planos do fundo.
Em sintonia com as perspectivas curatoriais, o modo inusual de expor tais obras buscou enfatizar a condição de artefatos construídos, desnaturalizando o entendimento de “retratos fiéis da realidade”, de acordo com a nova perspectiva da expografia do Museu. A equipe do núcleo de criação julgou prudente privilegiar a concentração dos recursos de mediação, uma das premissas do projeto, num suporte único, vinculados aos objetos. Com o fim de dirigir-se ao espectro de público mais amplo, as mesas e seus componentes foram projetados segundo os princípios ergonômicos de desenho universal e de autonomia de usuários, permitindo a aproximação para cadeirantes e pessoas de baixa estatura e oferecendo conforto ao toque para pessoas com deficiência visual.
Cada exposição recebeu uma cor aplicada em pequenas superfícies e nos textos e como cor de fundo dos painéis foram escolhidos dois tons de cinza para distinguir os eixos curatoriais: cinza claro nas cinco exposições do eixo “Para entender o Museu” e cinza grafite nas seis exposições do eixo “Para entender a sociedade”. A estratégia auxilia o visitante a identificar exposições que pertencem a um mesmo eixo, ainda que estejam distantes no edifício. As soluções expográficas adotadas procuraram expressar a natureza crítica das perspectivas curatoriais do museu. Os itens em exposição foram tratados não como objetos preciosos, mas como testemunhas de seus respectivos períodos históricos, oferecendo, assim, uma nova perspectiva para a coleção do Museu Ipiranga.